Dorinha

 

Dorinha tinha lá uns putos no bolso. Exausta…

Viu uma padaria e entrou pois carecia de comer, por instinto ou para fins de curar ressaca. Da porta sentia o cheiro matinal do pãozinho quente e entrou na fila. Seu corpo ainda recendia ao cheiro do pecado do ontem-à-noite.

O baile-funk ainda martelava seus ouvidos, e aí ela se deu conta de que o pãozinho agora era vendido a quilo. Agora não duvidava de que o velho da padaria fizesse ela mastigar pedra pra poder ganhar mais dinheiro. E suas moedas, dos trocos, tão poucas…

– Me vê três cigarros soltos e uma caixinha de fósforo.

E Fiat Lux. Assim foi, desjejuando cigarros pelo caminho todo até em casa, onde, sem banho e sem pão, dormiu até as seis da tarde com martelos na cabeça.

 

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