Eis que, num dia de tédio, resolvi jogar Eno no aquário.
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Eis que, num dia de tédio, resolvi jogar Eno no aquário.
Eu queria poder comentar essa porra desses textos. Queria poder dizer que o texto que fala do sonho com deus, e do bilhete único, é muito bom, e mais ainda que esta última indicação de blog é boa também, mas não consigo. Então faço comentário aqui mesmo. E digo que o faço emputecidamente. É isso.
Dorinha tinha lá uns putos no bolso. Exausta…
Viu uma padaria e entrou pois carecia de comer, por instinto ou para fins de curar ressaca. Da porta sentia o cheiro matinal do pãozinho quente e entrou na fila. Seu corpo ainda recendia ao cheiro do pecado do ontem-à-noite.
O baile-funk ainda martelava seus ouvidos, e aí ela se deu conta de que o pãozinho agora era vendido a quilo. Agora não duvidava de que o velho da padaria fizesse ela mastigar pedra pra poder ganhar mais dinheiro. E suas moedas, dos trocos, tão poucas…
– Me vê três cigarros soltos e uma caixinha de fósforo.
E Fiat Lux. Assim foi, desjejuando cigarros pelo caminho todo até em casa, onde, sem banho e sem pão, dormiu até as seis da tarde com martelos na cabeça.
apareceu sem avisar botando sonzeira na radiola, marcando o ritmo com os dedos nas paredes nos patamares nos batentes na porta, fervendo água no fogão pro miojo de galinha, mandando o tal do pozinho pra dentro, paralelos de pozinho (onde arranjou essa merda?), tudo isso quase ao mesmo tempo – desfazendo minha ilha de sono.
levantei-me contrariado.
– te atrapalho?
– que nada… cochilava macio apenas.
– mesmo?
– ô!…
– mesmo sincero? se quiser eu…
– você fica sossegada, fica sossegada.
por que só de madrugada, sempre tal surpresa? juntei uma papelada avulsa na gaveta da escrivaninha, escondi no calção a chave, virei-me e repassando por ela, a moça já acomodada com os olhões desse tamanho:
– posso passar aqui contigo? caio no sofá… só hoje. não mexo em nada.
– por que a essa hora?
– deu vontade; além disso, expulsei-me daquele tédio.
– fique, então. tem de-beber na geladeira e um cobertor nos fundos… qualquer coisa só chamar.
logo voltei pro meu recato e me dediquei total a ele.
quando acordei com a passarinhada gritando na árvore pelo solzão novo ela já havia se safado: deixado um castelo de panelas, subtraído aquele cd… sua letra sem capricho no bloco de notas:
"escrevo na parede as minhas rimas
de painéis a carvão adorno a rua;
como as aves do céu e as flores puras
abro meu peito ao sol e durmo à lua."
3,2,1, desligando.
tenhamo-nos agora numa próxima, amada-boa.
desenjuiza-te, e fica com Deus.
(aliás me veio Ele ontem na hora mansa da noite; queria tomar-me uma costela, cheio de graças, pensando que eu estava num sono profundo; há, acordei antes, nisso Ele encostou sua mensagem improvisada de mansinho no meu ouvido – disse Deus:
– haja paz em ti, amigo;
e houve paz em mim. e viu Deus que minha paz era boa, mas não tão quanto minha costela; e Deus ficou se achando burro, foi se encolerizando a partir deste pensamento, se pertubou tanto que do seu ventre radiante salpicavam faíscas e das faíscas estrépitos; e Deus ficou com medo de si próprio, da sua "justa" ira, da minha mãe acordar no outro quarto; saltou-se da cama, deslizou seu espírito pelo corredor do meu apartamento, abriu a porta de madeira da sala, deixando-a escancarada, e pela janela do corredor das escadas caiu, voou, somou-se ao vento, para contentamento deste.
...deixando a porta escancarada, desleixado Ele, de manhã deixou também minha mãe emputecida, quando ela abriu os olhos e ouviu um rangido estranho:
– porra, Bernardo, tu me chegas nesta porra na calada da noite a ainda nem te dá ao trabalho de trancares esta porra devidamente!
claro que não foram tantos porras. e claro que não fui eu quem deixei a porta destrancada.
não precisam acreditar em mim, não acredito neles.)
dê bejos para Dadá, cinco deles. teu bilhete único tá com o Cesinha.
e naquela encantada livraria
onde os raros amigos me sorriam
onde a meus olhos eras torre e trigo
(h. h.)
*
passas noturna. volátil
tomada de preto. o frio
acompanha-te fácil
amigo do teu caminho.
*
sentar do teu lado aqui não
porque senão
o patrão me come
mas aceitar um cafezinho daqui a pouco na copa se me convidares…
*
faze-
dor de des-
gosto.
que eu te esqueça.
*
perdi
quando foi?
abril maio talvez.
vazou longe de mim. fazia sol, era São Paulo?
*
a mão fechada apoiando o queixo, o cotovelo sobre o aço da velha máquina de escrever, o cenho grave…. uma mulequinha expande-se. entendo que não são apenas papéis rabiscados coloridos tinta vermelha.
devagar iremos todos calmamente
nem veremos o cair das nossas faces
não teremos no olhar brilhos fugaces
não seremos mais que seres e lembranças
ruírão por terra nossas esperanças
ideais, conquistas, lutas − ficarão
e as cargas destas marchas restarão
mal marcadas pelo peito e pela mente
para que terei passado descontente?
por risos quais troquei meus brancos dentes?
em que alegrias tristes me alegrei?
que mãos imundas, sujas, apertei?
que guerras provoquei em terra e mar…
que sono errado fiz em não sonhar…
que pensamentos altos não voei…
na penumbra solitária, em alto lar,
luzes negras brilharão no pensamento
e a conclusão final, o sentimento,
não será talvez final nem conclusão:
que se foi tão agradável dizer não,
que se indignação foi bom sentir
e se sempre nós dissemos não e não,
melhor foi ter vivido só, no não,
a forjar-se humanamente moribundo
na imunda humanidade, neste mundo
onde é o sim lei, sem não
senão
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