devagar iremos todos calmamente
nem veremos o cair das nossas faces
não teremos no olhar brilhos fugaces
não seremos mais que seres e lembranças
ruírão por terra nossas esperanças
ideais, conquistas, lutas − ficarão
e as cargas destas marchas restarão
mal marcadas pelo peito e pela mente
para que terei passado descontente?
por risos quais troquei meus brancos dentes?
em que alegrias tristes me alegrei?
que mãos imundas, sujas, apertei?
que guerras provoquei em terra e mar…
que sono errado fiz em não sonhar…
que pensamentos altos não voei…
na penumbra solitária, em alto lar,
luzes negras brilharão no pensamento
e a conclusão final, o sentimento,
não será talvez final nem conclusão:
que se foi tão agradável dizer não,
que se indignação foi bom sentir
e se sempre nós dissemos não e não,
melhor foi ter vivido só, no não,
a forjar-se humanamente moribundo
na imunda humanidade, neste mundo
onde é o sim lei, sem não
senão